Coluna Prestes, que passou em Piancó, na PB, completa 100 anos, nesta segunda
A Coluna Prestes foi um movimento militar que surgiu no Rio Grande do Sul em outubro de 1924, tendo como principal figura o Capitão do Exército Luis Carlos Prestes
Maior marcha militar do mundo, a coluna Prestes, que alguns historiadores dizem que mais apropriadamente deveria ser chamada de coluna Miguel Costa - Prestes, completa 100 anos nesta segunda-feira (28). Com 1.500 homens e mulheres, a maioria soldados de baixa patente, a marcha percorreu cerca de 25 mil quilômetros, em dois anos e meio, passando por vários estados, e jamais chegou a ser oficialmente derrotada.
A Coluna Prestes foi um movimento militar que surgiu no Rio Grande do Sul em outubro de 1924, tendo como principal figura o Capitão do Exército Luis Carlos Prestes (1898 – 1920). Tinha como objetivos a pregação de reformas sociais e econômicas, e ainda repudiava qualquer acordo com as velhas oligarquias, que no plano nacional, eram representados pelo governo do presidente Artur da Silva Bernardes (1922 – 1926). Tiveram outros líderes como Juarez Távora, Miguel Costa, Izidro Dias Lopes e Siqueira Campos.
Apesar de mais conhecida como Coluna Prestes por causa de seu líder mais famoso, Luís Carlos Prestes, o movimento rebelde teve também o comando de Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa. Argentino naturalizado brasileiro, militar da Força Pública de São Paulo, ficou notabilizado por sua participação na Revolta Paulista de 1924, conflito entre militares de São Paulo e o governo de Artur Bernardes, embrião da coluna. Por isso, muitos nomeiam o famoso movimento como Coluna Miguel Costa – Prestes. E também contribuiu fortemente para a revolução de 1930, ou Revolução de Outubro, ocasião em que os governos rebeldes de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, deram um golpe de estado tirando o então presidente Washington Luís da presidência da República e impedindo a posse de seu substituto Júlio Prestes. Getúlio Dornelles Vargas, militar e político do Rio Grande do Sul, inaugurando a chamada "era Vargas", período que foi de 1930 a 1945, sendo que de 1937 a 1945 instalou a ditadura do Estado Novo.
A Coluna Prestes no Vale do Piancó
A Coluna Prestes passou na cidade de Piancó, Sertão paraibano, no dia 09 de fevereiro de 1926. Conforme relatos de alguns historiadores, logo de cara, um dos membros da coluna, o capitão Pretinho, é atingido com um tiro ao chegar na cidade. A coluna ensandece e faz um ataque de ferocidade sem par, que culminou com morte do Padre Aristides, líder político da cidade, e mais quarenta homens que com ele estavam para defender a localidade.
Em verdade, tudo nasceu de um mal entendido. O combinado seria a coluna passar, sem qualquer incidente, e o chefe local, padre Aristides, houvera garantido à Coluna que tudo correria em paz. O padre, inclusive, já havia até preparado tudo para ir embora da cidade, com a família, que realmente a abandoou, o que, aliás, foi feito pela maioria dos moradores.
Ocorre que o padre recebera, de última hora, um comunicado do Presidente do estado (na época, o que hoje se chama governador se chamava Presidente) dizendo que a coluna estava faminta, quase desarmada e com poucos homens: uma armadilha!
O padre caiu na armadilha do Presidente da província e resolveu enfrentar a Coluna, mesmo tendo com ele apenas 40 homens, acreditando que esta estava enfraquecida.
Além de matar o padre Aristides Ferreira e quem estivesse ao lado dele, a coluna não fez apenas isso: saqueou os estabelecimentos comercias da cidade, levando víveres e ateando fogo ao que eles não iriam aproveitar. Sem deixar, é claro, de praticar uma verdadeira chacina contra os homens do padre, sangrando-os e os matando.
Segundo relatos não comprovados, oficialmente, o padre teria até sido obrigado a engolir os testículos, após ser sangrado, e antes da morte definitiva.
Controvérsias?
As controvérsias estão num ponto da história em que se afirma que os Leite – a família dominante na região antes do domínio político do padre – terem usado homens que teriam se infiltrado entre os da Coluna para matar, de forma cruel, o padre Aristides. Jamais foi provado que sim; no entanto, não foi provado que não.
Marcos históricos
O movimento político-militar deixou marcas na cidade de Piancó, que preserva locais históricos e monumentos relacionados ao evento:
· Praça Aristides Ferreira da Cruz
Construída em homenagem ao líder dos moradores que enfrentou os soldados da Coluna Prestes.
· Monumento aos Mártires de Piancó
Construído em 1985 para homenagear as 11 pessoas que morreram no embate entre os moradores e os soldados da Coluna.
· Antigo casarão do padre
Localizado nos arredores da cidade, o casarão foi transformado em escola de ensino médio.
A Coluna Prestes foi um movimento que percorreu o Brasil entre 1925 e 1927, combatendo as tropas do presidente Artur Bernardes. O objetivo do movimento era mobilizar a população do interior do país para lutar contra as desigualdades e injustiças promovidas pelos governos oligárquicos da Primeira República.
Em Piancó, foi promulgada a lei n° 963/2003, de autoria do então vereador Joaquim Franklin Remígio, que institui a "Semana Comemorativa da Passagem da Coluna Prestes em Piancó", cujo propósito é relembrar o levante do movimento e a morte de seus mártires. Com a lei, o dia 9 de fevereiro é feriado municipal na cidade.
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