Carta inédita de Bento XVI revela detalhes sobre renúncia
Papa emérito, falecido em 2022, considerou decisão 'válida'

Uma carta inédita escrita em 2014 pelo papa emérito Bento XVI, falecido em 31 de dezembro de 2022, esclarece sua renúncia ao comando da Igreja Católica, considerando-a "plenamente válida".
O documento, divulgado nesta quinta-feira (07) pelo portal "La Nuova Bussola Quotidiana", aborda diretamente as controvérsias e teorias que cercaram a decisão de Joseph Ratzinger em 2013 e enfatiza firmemente a eficácia e a plenitude de sua renúncia.
No texto, datado de 21 de agosto de 2014 e publicado pela primeira vez como apêndice do livro "Realidade e Utopia na Igreja", escrito por Nicola Bux e Vito Palmiotti, Ratzinger nega categoricamente as acusações de que teria renunciado "apenas ao exercício do ministério e não também ao munus (ofício)".
"Dizer que, com minha renúncia, eu teria deixado 'apenas o exercício do ministério e não também o munus' é contrário à clara doutrina dogmática e canônica (...) Se alguns jornalistas falam de um 'cisma crescente', não merecem atenção", afirma.
Respondendo às objeções que lhe foram apresentadas, Bento XVI considera a renúncia de um pontífice "plenamente" válida e defende o paralelo entre a figura do bispo diocesano e a do Bispo de Roma, o que justifica o título de "papa emérito".
Além disso, a carta esclarece o direito de um líder da Igreja Católica de continuar falando e escrevendo fora do "ofício de Papa", citando como exemplo os livros dedicados a Jesus, que considera "uma missão do Senhor", como ele próprio fez durante seu pontificado.
O texto inédito é tido como um documento de grande importância histórica, tendo em vista que fornece uma visão de Ratzinger sobre seu próprio gesto e a instituição do pontificado emérito, além de ser uma forma de pôr fim às discussões sobre a suposta invalidade de sua renúncia.
Papa da Igreja Católica entre 2005 e 2013, Bento XVI morreu no dia 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos de idade, e foi sepultado nas criptas da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Em 2013, ele se tornou o primeiro papa a renunciar em cerca de 600 anos.
Segundo carta enviada ao seu biógrafo semanas antes de morrer, ele chegou a revelar que a insônia foi "o motivo central" de sua decisão.
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